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A noite do último dia 27 foi um momento de grande celebração para a Associação Caatinga e parceiros. Em comemoração ao Dia Nacional da Caatinga, celebrado em 28 de abril, industriais, acadêmicos, jornalistas e personalidades importantes da sociedade cearense estiveram presentes no Museu da Indústria, em Fortaleza – CE, para prestigiar o coquetel de lançamento e exibição do documentário “Expedição ao Cânion do Poti”. O documentário é um dos resultados do Programa Tatu-bola, promovido pela Associação Caatinga e apoiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Na ocasião, também estiveram presentes os pesquisadores que participaram da expedição ao Cânion do Poti.

O evento teve como intuito sensibilizar o público sobre a importância da conservação do tatu-bola e do bioma Caatinga, além de ter sido a ocasião do lançamento de uma Campanha de Financiamento Coletivo, na plataforma kickante, para arrecadar fundos e dar continuidade às ações do Projeto Tatu-bola. “Esperamos que as pessoas possam conhecer e familiarizar-se com a espécie e seu habitat. Desta forma, conhecendo nosso bioma e toda a riqueza de fauna e flora associada, eles poderão ajudar de alguma maneira na sua conservação, seja com ações práticas ou repassando as informações aprendidas para seus parentes e amigos. Assim, mais e mais pessoas conhecerão o surpreendente mundo da Caatinga”, reforça o biólogo Samuel Portela, que participou da expedição ao cânion do Rio Poti e faz parte da coordenação técnica do Programa Tatu-bola.

O alpinista Rosier Alexandre, cearense que escalou o monte Everest, foi uma das personalidades presentes no evento. Ele revela que se emocionou ao assistir ao documentário e que essa iniciativa é muito importante para que as pessoas se sintam próximas e sensibilizadas com a causa. “O documentário é apaixonante! Um trabalho muito bem produzido, com o respaldo de uma pesquisa científica, tendo grande peso para incentivar ações como a campanha de financiamento coletivo, aqui lançada, em prol da conservação de um animal típico da nossa Caatinga, que já foi mascote de uma copa do mundo. Espero que o documentário esteja à disposição de todos em breve para que possamos compartilhá-lo”, enfatiza.

O curta metragem “Expedição ao Cânion do Poti” retrata a trajetória de pesquisadores que se aventuraram por 10 dias na região do Cânion do Rio Poti, para identificar áreas de ocorrência do tatu-bola. O animal, presente na Caatinga e em algumas florestas do Cerrado brasileiro, está ameaçado de extinção e foi categorizado como Em Perigo na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que identifica espécies ameaçadas. A ideia do Projeto Tatu-bola é tirar a espécie da lista de animais ameaçados de extinção e torná-la símbolo de proteção do bioma Caatinga.

A veterinária e pesquisadora que liderou a expedição, Flávia Miranda, ressalta que este foi um marco em sua carreira de 15 anos de experiências com meio ambiente. “A beleza da região do Cânion do Poti é surpreendente. Acompanhada de uma equipe bastante empenhada, pude conhecer uma Caatinga extremamente preservada e uma comunidade local linda, que ama aquele lugar. Foi emocionante”, relembra. Flávia destaca ainda que durante a expedição, cinco exemplares da espécie do tatu-bola foram registrados e que ter comprovado a ocorrência do animal na região foi o grande êxito da pesquisa.

Devian Zutter, produtor audiovisual responsável pela realização do documentário, teve um olhar diferenciado sobre a Caatinga a partir dessa experiência. Vindo do Sul do país, esse foi o primeiro contato do cinegrafista com o nosso bioma. “Essa foi para mim uma experiência única. Ainda não conhecia a Caatinga e foi surpreendente, o que mais me chamou atenção foi a beleza do lugar. Eu tinha uma visão distorcida sobre o que era a Caatinga e ao ver de perto e vivenciá-la pude ter outro conceito sobre a riqueza do bioma”, destaca.

Segundo o biólogo Samuel Portela, a expedição ao Cânion do Rio Poti foi uma experiência importante para a conservação do tatu-bola, pois nela foi possível conhecer mais sobre o ambiente em que ele vive, como por exemplo, o tipo de vegetação existente onde ele costuma habitar, o tipo de solo e um pouco dos seus hábitos.

O lançamento do documentário “Expedição ao Cânion do Poti” contou com o apoio financeiro da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e com a parceria da Federação das Indústrias do Ceará (FIEC). Edgard Gadelha, presidente do conselho da Associação Caatinga e representante da FIEC, destacou o êxito do evento. “O lançamento do documentário foi um sucesso! Nessa noite, brindamos e celebramos o Dia Nacional da Caatinga, dando um passo muito importante no trabalho de conservação do tatu-bola, que é torná-lo conhecido por todos. Ter toda uma equipe engajada em um trabalho de conhecimento e preservação da espécie é fundamental”, ressalta.

Gadelha enfatizou ainda a importância da parceria entre a Associação Caatinga e a FIEC. “A Associação Caatinga tem o DNA da indústria, uma vez que foi fundada pela iniciativa do industrial Samuel C. Johnson, além de ter a presença muito forte de industriais em seu conselho. Essa parceria mostra que a indústria se preocupa com a preservação do meio ambiente e que ambos estão relacionados”.

 

O Programa

O Programa de Conservação do Tatu-bola está no terceiro semestre de atuação e tem por objetivo identificar áreas de ocorrência do animal e preservá-las a fim de garantir ambientes seguros para seu desenvolvimento e reprodução. É desenvolvido pela Associação Caatinga com o apoio da Fundação Grupo Boticário desde novembro de 2015.

Campanha de Financiamento Coletivo do Projeto Tatu-bola

A Campanha de Financiamento Coletivo do Projeto Tatu-bola, na plataforma Kickante, tem como meta arrecadar por meio de doações o montante de R$ 500.000,00. Com esse valor, será possível implantar o Centro de Pesquisa e Conservação do Tatu-bola – CPCTB. Este centro funcionará na Reserva Natural Serra das Almas, localizada na divisa do Ceará e Piauí e dará suporte a um trabalho multidisciplinar para promover a conservação do tatu-bola, a manutenção da espécie na natureza, a redução do risco de extinção, a redução do risco de desertificação, a contenção dos efeitos do aquecimento global e a segurança hídrica. O apoio do valor arrecadado ajudará a viabilizar ações que irão gerar conhecimento atualizado sobre a ecologia e distribuição da espécie; identificar áreas prioritárias para a conservação da espécie; promover conservação da espécie através da criação de reservas ambientais (Unidades de Conservação) e estabelecimento de corredores ecológicos; tornar o animal mais conhecidos e os ambientes naturais onde ocorre; e sensibilizar a sociedade através de ações de educação ambiental.

Confira essa e outras matérias na segunda edição da revista ACaatinga, clicando aqui.