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Salvar o Tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) do risco de extinção. Esse é o grande objetivo da campanha de financiamento coletivo, na plataforma Kickante, lançado em abril deste ano pela Associação Caatinga, instituição que desde 2012 desenvolve projetos para a conservação dessa espécie. A campanha tem validade até 4 de julho e conta com a solidariedade daqueles que abraçarem a causa. É possível fazer doações a partir de R$10,00 e as recompensas vão desde certificados digitais a viagem com acompanhante para a Reserva Natural Serra das Almas.

São muitos os motivos para salvar o Tatu-bola do risco de desaparecer da natureza. Pensar em salvar o Tatu-bola da lista de espécies ameaçadas de extinção é sinônimo de conservar o ecossistema em que ele vive, uma vez que sua conservação implica em várias outras espécies de fauna e flora do meio ambiente, além de que a proteção de seu habitat é fundamental para garantir a segurança dos nossos recursos hídricos, como enfatiza Rodrigo Castro, coordenador geral da Associação Caatinga. “Proteger o Tatu- bola resultará na conservação de importantes áreas da Caatinga que são essenciais para o abastecimento hídrico das comunidades do nordeste. Trata-se de uma espécie representativa que significa a proteção de várias outras, por isso ele pode ser considerado como uma espécie guarda-chuva nessa estratégia de conservação da Caatinga”.

A espécie é a menor entre as 11 de tatus que são encontradas no Brasil e a única endêmica, ou seja, só existe em nosso país. Embora tenha sido escolhido como mascote da última copa do mundo, o animal é uma das espécies menos conhecidas e com poucos estudos científicos sobre a sua distribuição atual e histórica, ecologia e reprodução. Além disso, esse mamífero tipicamente brasileiro precisa da nossa ajuda. Na última avaliação da lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção da fauna brasileira, o status da espécie Tatu-bola foi reclassificado de Vulnerável (VU) para Em Perigo (EN), correndo o risco de desaparecer da natureza em até 50 anos.

O risco de extinção do Tatu-bola se deve a perda de aproximadamente 50% do seu hábitat nos últimos 10 anos, além da ação de caçadores, como destaca Samuel Portela, biólogo da Associação Caatinga. “O que levou o animal a entrar em área de risco de extinção foi o desmatamento, que vem ocorrendo no seu habitat, e vem aumentando a cada ano, associado às caças e queimadas. Quanto mais demorarmos a trazer novas ações que possam trabalhar a conservação desse animal na natureza, proteção do seu habitat, criação de unidades de conservação (UC) nas áreas de ocorrência da espécie, mais o animal vai estar correndo risco de sumir de fato”, explica.

A fragilidade da espécie e seu visível desaparecimento de certas regiões de distribuição original torna clara a necessidade de efetivação de medidas que possam garantir a sua conservação. Ainda há também o agravante de que há poucos investimentos em pesquisas científicas sobre o Tatu-bola. Ainda se tem poucos dados científicos sobre a espécie. Pensando nisso, o montante arrecadado na campanha de financiamento coletivo, será destinado à criação do
Centro de Pesquisa e Conservação do Tatu-bola – CPCTB.

“Esse tatuzinho de pequeno porte é o único com habilidade de flexionar-se ventralmente formando uma bola e tem uma dura e convexa carapaça. É uma das espécies de Tatu mais sensíveis a alterações do ambiente onde vive. Infelizmente, percebemos que a espécie não é mais abundante e que vem desaparecendo a cada dia. É preciso que haja implantação de políticas públicas para que essa espécie seja salva,” ressalta Flávia Miranda, veterinária engajada no projeto de conservação do Tatu-bola.

Centro de Pesquisa e Conservação do Tatu-bola – CPCTB.
Para que seja possível implantar o Centro de Pesquisa e Conservação do Tatu-bola (CPCTB) será necessária a arrecadação de R$ 500.000,00, por meio de doações. A estruturação do centro consiste em equipar os laboratórios, construir e equipar uma área de trabalho e planejamento, complementar os alojamentos do CPCTB da Reserva Natural Serra das Almas, contendo uma sala de reuniões e conferências e uma sala de trabalho para técnicos e pesquisadores.

Com esta estruturação será viável realizar avaliações clínicas detalhadas dos animais como biometria, sexagem, estimativa de idade, coleta de sangue para análise genética, amostras de fezes e avaliação do estado de saúde geral do animal (presença de ferimentos, cicatrizes, fraturas), assim como os devidos tratamentos. Também será possível viabilizar ações de geração de conhecimento atualizado sobre a ecologia e distribuição da espécie; identificação de áreas prioritárias para a conservação do Tatu-bola; promoção da conservação da espécie através da criação de reservas ambientais (Unidades de Conservação – UC) e estabelecimento de corredores ecológicos. O recurso arrecadado também será fundamental para sensibilizar a sociedade através de ações de educação ambiental e dar continuidade aos projetos já existentes para a conservação desse mamífero.

Confira essa e outras matérias na terceira edição da revista ACaatinga, clicando aqui.