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A Associação Caatinga participou, em meados de outubro, da Cúpula da Sociobiodiversidade e Futuro da Economia, realizada na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). O evento reuniu lideranças comunitárias, empresas, investidores e organizações da sociedade civil para discutir caminhos para uma economia mais inclusiva, inovadora e baseada na valorização da biodiversidade brasileira. 

Além disso, o encontro marcou o lançamento do Fundo Ancestra, iniciativa dedicada a impulsionar projetos que integrem conservação ambiental, fortalecimento de comunidades tradicionais e inovação social. O fundo foi lançado pela Global Social Solutions (GSS), em parceria com o Instituto Social Espaço Negro (GEN) e a Action.

Com portfólio inicial de R$ 75 milhões em projetos pré-selecionados, o Fundo Ancestra nasce com atuação em diferentes biomas brasileiros e se estrutura em quatro eixos de operação: originação de iniciativas, curadoria e capacitação, implementação local e transparência dos resultados. A proposta é consolidar a sociobioeconomia como pilar estratégico de desenvolvimento no país.

Durante o evento, o diretor executivo da Associação Caatinga, Daniel Fernandes, participou de debates sobre o papel dos conhecimentos tradicionais e das comunidades locais na valorização da biodiversidade. Em sua fala, Daniel destacou a diversidade do bioma Caatinga, seu potencial de sequestro de carbono e a importância dos modelos de produção sustentáveis já consolidados na região.

Entre as experiências apresentadas, Daniel mencionou o fortalecimento da cadeia produtiva da carnaúba, o estímulo à meliponicultura (manejo sustentável de abelhas nativas sem ferrão) e o grupo comunitário de sementes, que atua na coleta e no beneficiamento de sementes nativas utilizadas em projetos de restauração florestal. O diretor da Associação Caatinga também apresentou a técnica de mudas de raízes alongadas, desenvolvida pelo Laboratório de Ecologia da Restauração da UFRN, que utiliza canos de PVC para aumentar o comprimento das raízes das mudas. A técnica eleva a taxa de sobrevivência das mudas de 30% para mais de 70%.

Segundo Daniel Fernandes, “o mais importante é que coloquemos as comunidades em um papel de protagonismo, respeitando e valorizando a autonomia das comunidades para que elas possam tomar suas próprias decisões em consonância com a proteção da biodiversidade. Não se trata de impor projetos, mas de cocriar iniciativas em parceria”.

Daniel também ressaltou a relevância de encontros, como o realizado na FIESP, para fortalecer o reconhecimento público do bioma, muitas vezes invisibilizado no debate nacional sobre conservação. 

A gente só protege e só cuida daquilo que conhece e ama. Momentos como esse são fundamentais para colocar a Caatinga no lugar de destaque que ela merece, com políticas públicas e investimentos que apoiem o desenvolvimento local sustentável.

Mais informações sobre o Fundo Ancestra podem ser acessadas em: ancestra.fund