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A Associação Caatinga (AC) participou, entre os dias 24 e 30 de novembro, de censos populacionais do periquito cara-suja (Pyrrhura griseipectus), espécie nativa do Ceará e classificada como ameaçada de extinção. A atividade teve como foco os municípios de Quixadá, Canindé e a Serra da Aratanha, localizada na Região Metropolitana de Fortaleza, três áreas que ainda abrigam populações selvagens ou reintroduzidas da espécie. 

Os censos, que são coordenados pela Aquasis, organização da sociedade civil cearense, buscam identificar o tamanho e a distribuição dos grupos de periquito cara-suja nessas regiões, além de mapear áreas onde a ave demonstra maior vulnerabilidade. Os monitoramentos populacionais integram o Plano de Ação das Aves da Caatinga e conta com o apoio do ICMBio/CEMAVE.

“Acompanhar o tamanho das populações é crucial para avaliar o status das espécies e identificar quais grupos estão prosperando ou em declínio. Nesta expedição, constatamos que a população de caras-sujas em Quixadá sofreu um declínio acentuado nos últimos anos. Esse cenário é preocupante e reforça a necessidade de ações imediatas, como o fortalecimento das fiscalizações na área, já que a captura ilegal desponta como provável causa desse declínio”, explica Fábio Nunes, coordenador do projeto Cara-suja, realizado pela Aquasis.

A convite da Aquasis, a Associação Caatinga integrou o grupo responsável pelas expedições de campo. Ariane Ferreira, bióloga e analista de projetos socioambientais da AC, representou a instituição durante os censos e percorreu as rotas do cara-suja na Serra da Aratanha e em Quixadá, realizando observações diretas e identificando os dormitórios da espécie. Conforme explica Ariane, esse tipo de levantamento permite avaliar o estado real das populações e compreender como elas se comportam em cada território.

Esse monitoramento é fundamental para sabermos como os grupos estão se estruturando e quais medidas podem garantir a segurança das áreas onde os periquitos ainda resistem.

Ariane Ferreira - Analista de projetos socioambientais da Associação Caatinga

Ao final do censo, a equipe iniciou a etapa de organização dos dados coletados. O próximo passo consiste em discutir os resultados e definir ações voltadas à proteção das populações mais frágeis, especialmente nos locais identificados como prioritários.

Conexão com a reintrodução na Serra das Almas: o avanço do projeto Refaunar Arvorar

A atuação da Associação Caatinga nos censos fortalece diretamente o avanço do projeto Refaunar Arvorar, iniciativa realizada pela instituição em parceria com a Aquasis, com o Beach Park e com o Parque Arvorar. O objetivo principal do projeto é reintroduzir aves nativas ameaçadas no Ceará, iniciando pelo restabelecimento das populações de cara-suja na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), unidade de conservação localizada entre Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI).

Na Reserva Natural Serra das Almas, o projeto Refaunar Arvorar já realizou a soltura de 44 caras-sujas, vindos principalmente da Serra de Baturité, área que abrange treze municípios do Ceará. Além disso, a área registrou o nascimento do primeiro filhote da espécie na própria serra, marco que reforça o sucesso da iniciativa.

Antes de retornarem à vida livre na Serra das Almas, as aves permanecem no viveiro de aclimatação da reserva, período essencial para que os caras-sujas reconheçam o novo ambiente e se adaptem às condições da Caatinga.

A equipe da Associação Caatinga realiza o monitoramento contínuo dos periquitos, observando a formação dos bandos, ofertando alimentação por meio de comedouros e acompanhando as interações entre os bandos. Ariane Ferreira, em conjunto com a equipe de guarda-parques da Serra das Almas, conduz essa etapa; a bióloga garante que cada indivíduo esteja apto para integrar o ambiente natural de forma segura.

A Serra da Aratanha como modelo para a reintrodução na Caatinga

A Serra da Aratanha foi o primeiro local de soltura do periquito cara-suja no Ceará, servindo como ponto de partida e modelo para a reintrodução da espécie na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA). Seguindo essa metodologia, a RNSA se prepara para novas solturas e para consolidar uma estação reprodutiva promissora, com foco em ampliar a presença da espécie na Caatinga.