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Hoje é o Dia Mundial de Combate à Desertificação, e queremos te fazer uma pergunta importante: você sabe qual a diferença entre estiagem, seca e desertificação?

Essa distinção é essencial para entender os desafios enfrentados pelo semiárido brasileiro, especialmente no bioma Caatinga — o único exclusivamente brasileiro. Muitas vezes esses termos são confundidos, mas cada um deles representa uma realidade diferente.

Estiagem, seca e desertificação: qual a diferença?

  • Estiagem é o período do ano com pouca chuva. Na Caatinga, é quando as folhas das árvores caem, a paisagem fica esbranquiçada, mas logo as chuvas voltam e o verde renasce.
  • Seca é a ausência de chuvas por um longo período. Foi o que aconteceu entre 2012 e 2018, com impactos profundos na agricultura e no abastecimento de água. A seca é um fenômeno natural que exige estratégias de convivência.
  • Desertificação vai além: é quando o solo se degrada de forma permanente, perdendo sua fertilidade e se transformando em algo parecido com um deserto. Isso ocorre quando a ação humana ultrapassa os limites da natureza.

Cerca de 126 mil km² da Caatinga estão em processo avançado de desertificação — uma área equivalente ao território inteiro do estado do Ceará.

O atual cenário de desertificação na Caatinga

De acordo com o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), órgão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), cerca de 126 mil km² da Caatinga estão em processo avançado de desertificação — uma área equivalente ao território inteiro do estado do Ceará. As áreas mais atingidas são conhecidas como núcleos de desertificação, localizadas em:

  • Irauçuba / Centro Norte (CE)
  • Médio Jaguaribe (CE)
  • Sertão dos Inhamuns (CE)
  • Seridó (RN/PB)
  • Cariris Velhos (PE)
  • Cabrobó (PE)
  • Gilbués (PI)
  • Sertão do São Francisco (BA)
  • Chorrochó (BA)
  • Abaré (BA)

O que está por trás da desertificação no semiárido?

A desertificação é resultado de um desequilíbrio entre o uso da terra e sua capacidade natural de regeneração. No semiárido, esse processo tem sido acelerado por práticas humanas insustentáveis, que exaurem os recursos naturais e comprometem o futuro da região. Entre as principais causas, destacam-se:

  • Produção de pastos sem manejo adequado;
  • Pecuária extensiva;
  • Projetos de irrigação irregulares;
  • Mineração predatória;
  • Desastres naturais agravados pela ação humana.

Como a Associação Caatinga combate a desertificação no semiárido

Diante desse cenário, a Associação Caatinga atua de forma estratégica e integrada para enfrentar as causas e consequências da desertificação, promovendo um modelo de desenvolvimento sustentável adaptado ao semiárido. As ações da organização se dividem em sete linhas de atuação, que se conectam entre si:

1. Criação e gestão de áreas protegidas
Criação e manejo de unidades de conservação públicas e privadas que atuam como barreiras contra a degradação ambiental.

2. Restauração florestal
Restauração de áreas degradadas com espécies nativas da Caatinga, recuperando solos e fortalecendo a biodiversidade.

3. Tecnologias socioambientais
Implantação de tecnologias como cisternas de placas e fogões ecológicos, que ajudam famílias a conviver melhor com a seca e conservar os recursos naturais.

4. Educação ambiental
Ações educativas e formações voltadas a estudantes, agricultores e comunidades, promovendo a convivência sustentável com o semiárido.

5. Fomento à pesquisa
Estímulo à produção científica sobre o bioma Caatinga, com foco em soluções para combater a desertificação e conservar o solo.

6. Políticas públicas ambientais
Fomento à criação de leis e programas voltados à conservação da Caatinga; atuação direta junto a governos e redes para pressionar por políticas públicas eficazes.

7. Comunicação
Campanhas de sensibilização e mobilização que informam a sociedade sobre a desertificação e a importância do uso sustentável do bioma.