A Associação Caatinga acaba de lançar o “Guia de Manejo de Solo”, uma cartilha didática voltada para a sensibilização de produtores rurais das comunidades que vivem no entorno do Parque Estadual do Cânion do Rio Poti, localizado em Buriti dos Montes (PI). A publicação apresenta orientações práticas e acessíveis para o manejo do solo da Caatinga com o objetivo de promover uma agricultura sustentável e alinhada com a conservação ambiental.
O material foi produzido no âmbito do projeto “Conservação e Sustentabilidade Financeira no Parque Estadual do Cânion do Rio Poti”, que é realizado pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH/PI) com execução da Associação Caatinga e financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) no âmbito do Projeto Estratégias de Conservação, Restauração e Manejo para a biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal (GEF Terrestre), que é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMAMC) e tem o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como agência implementadora e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBIO como agência executora.
Acesse gratuitamente
O “Guia de Manejo de Solo” está disponível gratuitamente no site da Associação Caatinga para o público geral. Além disso, o material será distribuído nas comunidades atendidas pelo projeto. A ideia é utilizar a cartilha como uma ferramenta de educação ambiental que alia conhecimento técnico com respeito à realidade do semiárido.
O que o guia apresenta?
O “Guia de Manejo de Solo” reúne informações práticas e teóricas para o uso sustentável do solo da Caatinga. Entre os conteúdos abordados estão:
Técnicas sustentáveis de produção:
- Consórcio de plantas
- Rotação de culturas
- Pousio (descanso da terra)
- Sistemas agroflorestais
- Outras práticas agroecológicas
Manejo e conservação do solo:
- Manutenção de matéria orgânica
- Cobertura vegetal com palha e restos de culturas
- Adubação verde
- Terraços de retenção
- Cordões de pedras
- Captação de água in situ (método Guimarães Duque)
- Plantio em curva de nível
Desafios comuns do solo do semiárido:
- Baixa matéria orgânica
- Conter a erosão
- Alta evaporação
- Chuvas irregulares
Por que falar sobre manejo do solo?
O solo da Caatinga possui características únicas, moldadas por condições naturais como o clima, o calor, a irregularidade das chuvas e a presença de rochas cristalinas próximas à superfície. Esses fatores tornam o solo raso e, muitas vezes, pouco fértil — em grande parte devido ao uso inadequado ao longo do tempo. Isso dificulta a retenção de água e nutrientes. Por isso, o uso de técnicas de manejo sustentável é essencial para manter a produtividade agrícola e preservar a biodiversidade da região.
“A saúde do solo está diretamente conectada à conservação da Caatinga. Se as comunidades manejam bem o solo, isso reverbera positivamente em toda a biodiversidade do território”, destaca Francisco Antônio, analista de projetos socioambientais da Associação Caatinga.
Uma ponte entre o Cânion e a Serra das Almas
Além de apoiar os agricultores locais, o guia também contribui para a conservação da Reserva Natural Serra das Almas, uma área de 6.285 hectares localizada a cerca de 50 km do Parque do Cânion do Rio Poti. Juntas, essas áreas formam um corredor ecológico essencial para a fauna e a flora do semiárido. A cartilha reforça a importância da gestão integrada entre áreas protegidas e comunidades rurais.