A Associação Caatinga apresentou, em Buriti dos Montes (PI), o Plano de Sustentabilidade Financeira do Parque Estadual do Cânion do Rio Poti (PESCRP). A divulgação oficial do documento final aconteceu na sede da Prefeitura Municipal e reuniu representantes do setor público das cidades de Buriti dos Montes, Castelo do Piauí e Juazeiro do Piauí, além de membros da iniciativa privada e da sociedade civil. O encontro teve como objetivo apresentar a proposta e colher sugestões para o aprimoramento do documento.
O plano foi elaborado sob a coordenação do consultor ambiental Flávio Ojidos, em parceria com a Future Climate, organização especializada em soluções climáticas que oferece desde consultorias até a gestão de projetos de carbono, e com a supervisão da Associação Caatinga.
Unidade de conservação estratégica para o Piauí
Localizado no município de Buriti dos Montes, o Parque Estadual do Cânion do Rio Poti abrange cerca de 24 mil hectares de biodiversidade e valor histórico. O território protegido abriga espécies ameaçadas, como o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), além de sítios arqueológicos com gravuras rupestres que remontam a milenares ocupações humanas no semiárido nordestino.
O parque tem se destacado também pelo seu potencial para o ecoturismo de base comunitária. Atrativos como o Poço da Cruz e a Cachoeira da Lembrada já despertam o interesse de visitantes e representam oportunidades de geração de renda sustentável para a população local.
”O Cânion do Rio Poti possui um enorme potencial para o ecoturismo e a nossa ideia é capacitar os gestores públicos com alternativas de geração de renda para tornar a manutenção do parque mais viável.
Além de facilitar o alcance dos objetivos ambientais da unidade”, explicou Samuel Portela, coordenador de conservação da Associação Caatinga.
Diagnóstico territorial e construção participativa
Antes da formulação do plano, a equipe da Associação Caatinga, junto com consultores da Future Climate, realizou uma série de ações de escuta e diagnóstico participativo. Foram visitadas comunidades rurais nos municípios de Buriti dos Montes e Castelo do Piauí, além da realização de reuniões com membros do Conselho Gestor do Parque e com as secretarias de turismo e meio ambiente da região.
O grupo também percorreu trilhas, conheceu os principais atrativos turísticos da unidade e visitou comunidades que trabalham com artesanato e produção local. Essa escuta territorial foi fundamental para garantir que o plano de sustentabilidade financeira fosse construído com base na realidade socioeconômica do território, buscando o equilíbrio entre a conservação da Caatinga, o desenvolvimento das comunidades e a geração de renda com foco na bioeconomia.
Ações do projeto
Além do plano de sustentabilidade financeira, o projeto ‘Conservação e sustentabilidade financeira no Parque Estadual do Cânion do Rio Poti’ contempla outras ações voltadas à proteção e valorização da unidade de conservação:
- Elaboração de um plano de manejo integrado do fogo;
- Capacitação de comunidades locais sobre práticas de prevenção e combate ao fogo;
- Ações de educação ambiental para promover a conscientização sobre a importância do parque;
- Estratégias de comunicação e mobilização social para fortalecer o engajamento comunitário.
A expectativa agora é que, a partir da aplicação do plano de sustentabilidade financeira, as autoridades tenham embasamento e autonomia para definir os próximos passos e avançar na implementação da estratégia, potencializando o desenvolvimento sustentável e econômico da região.
Contribuição aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
O projeto está alinhado à Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), contribuindo diretamente para os seguintes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:
- ODS 6 – Água potável e saneamento;
- ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima;
- ODS 15 – Vida terrestre.
Um modelo para o Brasil
Com a implementação do plano, a expectativa é que o Parque Estadual do Cânion do Rio Poti se consolide como modelo de sustentabilidade financeira e de gestão integrada de unidades de conservação, servindo de referência para outras áreas protegidas do Brasil, especialmente aquelas situadas no bioma Caatinga.
O projeto ‘Conservação e Sustentabilidade Financeira no Parque Estadual do Cânion do Rio Poti’ é realizado pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH/PI) com execução da Associação Caatinga e financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) no âmbito do Projeto Estratégias de Conservação, Restauração e Manejo para a biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal (GEF Terrestre), que é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMAMC) e tem o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como agência implementadora e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBIO como agência executora.





