Skip to main content

A Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, abriga uma rica biodiversidade de plantas que desempenham papéis fundamentais na medicina popular. Muitas dessas espécies são utilizadas há séculos pelas comunidades rurais e povos tradicionais, não apenas para tratar doenças, mas também para prevenir diversos males. As plantas medicinais da Caatinga estão integradas ao conhecimento tradicional e à sabedoria popular, acumulados por gerações, e sua eficácia é frequentemente comprovada por estudos científicos.

Essas plantas têm propriedades terapêuticas variadas, que vão desde ações anti-inflamatórias e cicatrizantes até efeitos expectorantes e hipoglicemiantes. Elas se destacam por sua capacidade de tratar diversos problemas de saúde, como inflamações, problemas respiratórios e feridas. Além de sua importância na saúde humana, essas espécies também desempenham papéis ecológicos essenciais, ajudando a conservar o bioma da Caatinga.

Neste texto, apresentaremos dez exemplos de plantas da Caatinga, explorando suas características medicinais, modos de uso e os benefícios que elas oferecem. Todas elas são amplamente reconhecidas pelo saber tradicional e continuam a ser utilizadas como recursos naturais na medicina popular, auxiliando no bem-estar e na saúde das comunidades locais.

Aroeira (Myracrodruon urundeuva):

Amplamente conhecida na medicina popular, a Aroeira possui propriedades cicatrizantes e anti-inflamatórias, sendo utilizada principalmente no tratamento de feridas ginecológicas e diarreias. Suas folhas são usadas em pó, enquanto o chá é feito com a casca e a entrecasca, aliviando também inflamações internas.

Angico (Anadenanthera colubrina)

Esta planta é um poderoso depurativo, utilizada para “limpar o sangue”, além de tratar gripes, tosse, diarréias e febres. A casca do Angico é muito versátil, sendo empregada em chás, lambedores e em preparações amassadas em água, ajudando também a melhorar o apetite.

Imburana-de-cheiro (Amburana cearensis)

Conhecida por suas propriedades expectorantes, a Imburana-de-cheiro é utilizada para aliviar tosses e descongestionar vias nasais. Além disso, tem ação anti-inflamatória, sendo indicada para o tratamento de rinite. Suas cascas e sementes são utilizadas em chás e garrafadas, bastante comuns no sertão nordestino.

Pau d’arco/Ipê-Roxo (Handroanthus impetiginosus)

Essa planta é indicada para o tratamento de males renais, hepáticos e úlceras estomacais. Suas flores são comumente usadas em chás, enquanto a casca pode ser utilizada tanto em infusões quanto amassada em álcool, ajudando também na recuperação de contusões e inflamações.

Carnaúba (Copernicia prunifera)

A Carnaúba também é conhecida por sua ação depurativa, sendo utilizada para “limpar o sangue” e aliviar problemas de pele, como eczemas e pruridos (coceira). O chá preparado com a raiz da planta é amplamente utilizado para tratar esses desconfortos e inflamações cutâneas.

Mulungu (Erythrina velutina)

Com propriedades sedativas, o Mulungu é muito usado para combater a insônia e aliviar dores de dente. A casca e as sementes da planta são utilizadas em chás, sendo que as sementes também podem ser amassadas para melhorar problemas respiratórios, como o nariz entupido.

Cedro (Cedrela odorata)

O Cedro tem grande eficácia no combate a verminoses e é utilizado como repelente natural contra insetos. As entrecascas, geralmente consumidas em pó, são um dos principais componentes utilizados na medicina popular, ajudando também a fortalecer o sistema imunológico.

Mororó (Bauhinia ungulata)

Esta planta possui propriedades hipoglicemiantes, sendo indicada para o controle do nível de açúcar no sangue, além de combater males digestivos, como dores abdominais. As folhas e cascas do Mororó são utilizadas em chás, muito consumidos por pessoas com problemas gastrointestinais.

Caju (Anacardium occidentale)

O Caju é uma planta nativa do Nordeste com grande ocorrência na Caatinga. É uma planta multifuncional, com propriedades cicatrizantes e anti-inflamatórias. É usada para tratar cólicas abdominais e problemas de pele, como dermatite e caspa. Praticamente todas as partes da planta, incluindo fruto, casca, flor e raiz, podem ser utilizadas em infusões, sucos e outros preparos medicinais.

Mangaba (Hancornia speciosa)

O látex da Mangaba é amplamente conhecido por sua eficácia no tratamento de contusões, torções e machucados. Pode ser aplicado puro ou diluído em água, sendo usado para aliviar dores e para auxiliar na recuperação de lesões físicas.


Essas informações foram retiradas do trabalho “Plantas medicinais da Caatinga do nordeste brasileiro: etnofarmacopeia do professor Francisco José de Abreu Matos”. Trata-se da tese de doutorado da pesquisadora Karla do Nascimento Magalhães.