Manutenção da cadeia produtiva da cera de Carnaúba.

A Carnaúba (Copernicia prunifera) é uma árvore endêmica do Brasil, encontrada nos biomas da Caatinga e do Cerrado. O principal produto extraído da Carnaúba é a cera vegetal, sua origem natural e composição orgânica a tornam indispensável para as indústrias farmacêuticas e alimentícias.

No entanto, uma planta trepadeira invasora está ameaçando os carnaubais do Nordeste e a biodiversidade da Caatinga. Popularmente conhecida como “Unha do Diabo”, essa espécie exótica tem causado preocupação entre pesquisadores que buscam soluções para combater a praga que afeta a árvore.

O projeto tem o propósito de contribuir diretamente para a resolução de um desafio tecnológico ambiental por meio da identificação de um agente biológico que garanta a existência de uma estratégia de controle biológico clássico (CBC) para combater a invasão biológica da Cryptostegia madagascariensis nos carnaubais do Nordeste brasileiro, garantindo a manutenção da cadeia produtiva da cera de Carnaúba.

O conhecimento acumulado durante a condução do projeto poderá ser transferido para outros setores ou regiões do país que enfrentam invasões biológicas por plantas exóticas. Portanto, o projeto ao mesmo tempo que pretende resolver um problema, abre um leque de oportunidades para a aplicação do CBC na resolução de graves problemas ambientais e econômicos no Brasil com a contribuição de muitas parcerias úteis.

O projeto é realizado pela Associação Caatinga, com o patrocínio da ADECE – Agência do Desenvolvimento do Estado do Ceará e o Sindcarnaúba e parceria com o Center for Agriculture and Biosciences International (CABI), Universidade Estadual do Ceará, Universidade Federal do Ceará , Universidade Federal de Viçosa e Universidade Estadual de Feira de Santana.

Contextualização do problema

A Cryptostegia madagascariensis (unha-do-diabo) é uma trepadeira nativa da Ilha de Madagascar no continente africano que foi introduzida no Brasil como planta ornamental e se tornou uma fito invasora com alto potencial de desequilíbrio ecológico em regiões semiáridas do Nordeste brasileiro, causando danos extremamente severos no ecossistema Caatinga.

A trepadeira é capaz de sufocar áreas extensas de florestas nativas e formar massas impenetráveis que matam as árvores e impedem a passagem de animais e do homem, além de consumir recurso hídrico, um bem natural escasso na região. A unha-do-diabo produz um enorme banco de sementes e quantidades abundantes de um látex tóxico, tornando o seu controle, por métodos convencionais, extremamente adverso e perigoso.

Etapas do projeto

  • Elaborar lista de plantas-teste para teste de especificidade e segurança para o agente de controle biológico escolhido (ferrugem Maravalia cryptostegiae – isolado de Cryptostegia madagascariensis);
  • Coletar material propagativo (sobretudo de plantas da família Apocynaceae) para utilização nos testes a serem conduzidos pelo CABI em quarentena na Inglaterra;
  • Elaborar diagnóstico geográfico atualizado de contaminação pela UD nas principais bacias hidrográficas do nordeste;
  • Estabelecer estações de monitoramento em áreas selecionadas no CE;
  • Preparar relatório com resultados parciais da coleta de dados nas estações de diagnóstico e monitoramento (diagnóstico biológico pré-introdução de agentes de controle biológico);
  • Consolidar resultados de teste de especificidade e segurança;
  • Elaborar relatório para apresentação às autoridades do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e documentação de solicitação de autorização de importação de agente de controle biológico (isolado de Maravalia cryptostegiae);
  • Importar agente de controle biológico;
  • Avaliar população do agente sob quarentena (EMBRAPA Meio Ambiente);
  • Multiplicar agente de controle biológico sobre a planta alvo para introdução no campo;
  • Introduzir o agente de controle biológico;
  • Confirmar o estabelecimento do agente nas estações de monitoramento e pontos de introdução;
  • Divulgar os resultados obtidos visando a adoção da estratégia para a resolução de problemas com invasões biológicas no Nordeste e em outras regiões do país.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Promover o crescimento econômico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho digno para todos.
Proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, travar e reverter a degradação dos solos e a perda da biodiversidade.
Reforçar os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.