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A fauna da Caatinga

O que vem a sua cabeça quando você pensa na fauna da Caatinga? Para muitas pessoas a resposta está resumida a um calango e a um boi morto, os dois debaixo do sol quente e em um chão rachado. E é exatamente essa a imagem que precisamos mudar. 

Engana-se quem vê o semiárido como uma região pobre, com pouca vida e baixa biodiversidade. Quando paramos para observar, as coisas são bem diferentes. A Caatinga é uma região rica, cheia de cores, texturas, cheiros e sabores. Seja no céu ou na terra, o semiárido está repleto de vida.

Porém, não podemos e nem devemos esconder que na Caatinga há sim paisagens de terras secas onde a escassez de água é um grande desafio. Inclusive, essas imagens são as que mais aparecem nos programas de televisão, matérias de jornais e livros didáticos.

Mas também é preciso falar sobre o outro lado da moeda. É preciso falar sobre a alta diversidade de animais da Caatinga e o que isso significa para nossa vida. No total, a Caatinga abriga cerca de 1824 espécies de animais, entre vertebrados e invertebrados.

Confira os números completos:

Vertebrados:

  • 548 aves
  • 386 peixes
  • 196 répteis
  • 133 mamíferos
  • 98 anfíbios

Invertebrados:

  • 276 formigas
  • 94 abelhas
  • 93 aranhas

Além disso, um fato curioso: a grande variedade de espécies de animais do semiárido abre a hipótese científica de que a Caatinga é a floresta semiárida mais biodiversa do mundo, uma realidade completamente diferente do estereótipo de terra pobre e seca.

fauna-caatinga

A falta de conhecimento e a carência de estudos científicos sobre a região contribui para a degradação do Caatinga pois, pense conosco: como é possível proteger algo que você não conhece? Assim sendo, a desconhecida, porém rica variedade de animais da Caatinga vai, aos poucos, sumindo. As coisas estão mudando, mas, infelizmente, ainda não é para melhor.

Segundo o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, estudo realizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Caatinga tem 125 animais em extinção, dos quais 47 são endêmicos, ou seja, só existem na região. As principais causas para este quadro de degradação podem, ainda segundo o ICMBio, ser listas e ranqueadas.

  1. Agropecuária
  2. Caça/captura
  3. Mineração
  4. Expansão urbana
  5. Turismo desordenado
  6. Produção de energia.

A interferência humana na Caatinga vem degradando de forma intensa o equilíbrio sustentável da fauna. Assim sendo, a mudança é de extrema importância. É preciso construir um novo modelo de desenvolvimento econômico e social que leve em conta a biodiversidade da fauna do semiárido. 

Mas, para isso, é necessário debater e estudar os animais do nordeste, pois só assim conseguiremos dar uma passo à frente na luta por uma Caatinga sustentável e segura para todas as espécies. 

Mas por que a Caatinga é tão biodiversa?

Durante milênios, a Caatinga foi palco de repetidas mudanças climáticas intensas em curtos períodos de tempo. Dessa forma, a fauna da região foi impactada com a forte variedade entre temperaturas muito quentes e muito frias, o que condicionou os animais do nordeste brasileiro a um processo evolutivo peculiar.

A adaptação às condições climáticas foi a principal estratégia das espécies da Caatinga. Os animais adaptaram-se para consumir alimentos disponíveis durante a seca, realizar migrações temporárias para locais mais úmidos, acelerar o ciclo reprodutivo durante as chuvas, entrar em estado de dormência durante as estiagens e outras técnicas de convivência.

Essa relação entre as intensas mudanças climáticas e a fauna da Caatinga trouxe para a região um grande número de espécies endêmicas. Segundo a WWF, 327 animais da Caatinga são endêmicos; como o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), o periquito-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) e o mocó (Kerodon rupestris).

A Caatinga é resultado de uma dança de milhares de anos entre diferentes florestas e animais que passeavam por esse chão, espalhando suas sementes, avançando e recuando ao som do tempo, treinando sua adaptabilidade e capacidade de sobreviver. Algumas ficaram no passado, outras sobrevivem até hoje nos dando o testemunho de como conviver harmonicamente com o ambiente, respondendo a suas mudanças e fazendo prosperar as melhores soluções.

Categorias de ameaças de extinção do Livro Vermelho da Fauna

O Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção avalia as espécies a partir de 10 categorias de conservação: Não Aplicável; Dados Insuficientes; Menos Preocupante; Quase ameaçado; Vulnerável; Em Perigo; Criticamente em Perigo; Extinto na Natureza; Regionalmente Extinto e Extinto.

Conheça o que significa cada categoria de conservação:

  • Não Aplicável (NA): espécie que, por algum motivo, são consideradas inelegíveis para serem avaliadas em nível regional.
  • Dados Insuficientes (DD): Uma espécie é avaliada assim quando não há informação adequada para realizar uma avaliação direta ou indireta sobre seu risco de extinção. 
  • Menos Preocupante (LC): espécies que não estão enquadradas como ameaçadas de extinção. São animais de distribuição ampla e abundante ou até mesmo espécies raras que não são ameaçadas significativamente.
  • Quase ameaçado (NT): espécies que, provavelmente, estará ameaçada de extinção em um futuro próximo.
  • Vulnerável (VU): espécies que enfrentam um risco alto de extinção na natureza.
  • Em Perigo (EN): espécies que correm um risco muito alto de extinção na natureza.
  • Criticamente em Perigo (CR): São espécies que correm um risco extremamente alto de extinção na natureza.
  • Extinto na Natureza (EW): uma espécie está extinta da natureza quando sua sobrevivência é conhecida apenas em cativeiro.
  • Regionalmente Extinto (RE): quando não existem mais indivíduos da espécie em determinada região.
  • Extinto (EX): não existem mais indivíduos da espécie, seja em ambiente natural ou cativeiro.