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A importância da Educação Ambiental para a Caatinga

Historicamente, a mídia nacional, os livros educativos e os produtos da cultura de massa trataram a Caatinga a partir de imagens e representações que desvalorizam o bioma. Dessa forma, foram criados certos estereótipos que, até hoje, tentam resumir a Caatinga como uma região pobre e inóspita: o mar de cactos secos, o crânio do animal morto, o sol quente e o chão rachado.

Embora a Caatinga seja o único bioma exclusivamente brasileiro e uma das áreas semiáridas mais biodiversas do mundo, as multiplicidades dessa região foram renegadas e resumidas à seca. Consequentemente, muitas pessoas, principalmente as que vivem em ambientes urbanos, só conhecem a Caatinga por meio dessas características limitadas e preconceituosas. 

Assim sendo, por causa do desconhecimento e da desinformação, a sociedade (e até mesmo os moradores do semiárido) acabam por desprezar e negar a Caatinga como parte da identidade ambiental e sociocultural do Brasil. À vista disso, a desvalorização sistemática do semiárido nega o potencial da região e dos seus habitantes.

Inclusive, a desvalorização da Caatinga também promove a xenofobia regional e faz com que a imagem do sertanejo e da sertaneja seja tratada como algo feio e pobre que deve ser deixado de lado.

Conforme Cláudia Ferreira, pesquisadora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, existem três principais mitos sobre o semiárido: a pobreza em espécies e endemismo, a semelhança entre todas as paisagens da região e o baixo nível de degradação do bioma. Mas, na realidade, as coisas são bem diferentes: a biodiversidade e o grau de endemismo de fauna e flora do semiárido são grandes, os cenários são numerosos e a Caatinga é uma das regiões mais devastadas em todo o Brasil, com cerca de 13% da sua área já desertificada.

Deste modo, para valorizar as variadas riquezas da Caatinga e combater os estereótipos, é necessário construir o que especialistas em educação ambiental chamam de “educação contextualizada”, um método onde as questões ambientais e sociais são aplicadas para promover a união entre a ciência, o saber popular e a produção de conteúdos midiáticos. O objetivo é promover, entre a sociedade brasileira, o sentimento de pertencimento e valorização do bioma.

Porém, é necessário um profundo trabalho pedagógico para rever esses preconceitos e demonstrar, para o povo, a Caatinga como ela é: biodiversa, bela e resistente. Dessa forma, podemos perceber a Caatinga das mais diversas maneiras. Mas preste atenção: a ideia não é negar os problemas do sertão. Muito pelo contrário, o objetivo da educação contextualizada é fomentar um modelo de desenvolvimento econômico e social que fortaleça o semiárido e que supere as problemáticas históricas do Nordeste.

Com base nisso, a Associação Caatinga vem, ao longo de 24 anos, desenvolvendo uma série de cartilhas, manuais,  livros e revistas sobre os mais variados temas relacionados à Caatinga. Todos os materiais são gratuitos e podem ser replicados. O objetivo é divulgar o bioma, incentivar o desenvolvimento da região e mostrar para todos e todas que o ser humano é parte integrante da floresta, uma vez que nós, como sociedade, também somos a Caatinga e precisamos estar integrados de forma sustentável à natureza.