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Caatinga tem 366 espécies de animais e plantas ameaçadas de extinção, segundo IBGE

366 espécies da Caatinga estão ameaçadas de extinção. É o que mostra um estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa 18,2% das 2.015 espécies da Caatinga analisadas na pesquisa “Contas de Ecossistemas: Espécies Ameaçadas de Extinção no Brasil 2014”.

Para Sandino Moreira, biólogo e coordenador de educação ambiental da Associação Caatinga, a pesquisa acende um “alerta de preocupação” para a comunidade de cientistas, políticos e gestores ambientais. 

O biólogo explica que as principais causas dessa devastação estão ligadas ao uso de lenha como matriz energética e cultivos agrícolas realizados com queimadas que vão, aos poucos, diminuindo as florestas do bioma. “Tudo isso interfere para a perda de habitat e de espécies e isso é uma ameaça direta à biodiversidade”, explica.

Um dos caminhos para frear essa ameaça de extinção, segundo Moreira, é “a criação e gestão correta de Unidades de Conservação, bem como a proteção de todas as áreas protegidas de maneira geral, ou seja, as APP (Áreas de Preservação Permanentes) e as APA (Áreas de Proteção Ambiental)”. O biólogo ainda deixa clara a importância do incentivo às pesquisas científicas e às ações de educação ambiental com as comunidades sertanejas da Caatinga.

Moreira também esclarece que a Associação Caatinga trabalha diretamente com essas questões: “além da pesquisa científica e da proteção da Reserva Natural Serra das Almas, a Associação também apoia a criação de outras unidades de conservação, desenvolve ações de educação ambiental e dissemina tecnologias sustentáveis nas comunidades do entorno da Serra das Almas”.

Ainda segundo a pesquisa do IBGE, a Caatinga é o terceiro bioma do Brasil com mais espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção, fica atrás apenas da Mata Atlântica e do Cerrado. São consideradas espécies ameaçadas de extinção as que configuram nas categorias “Criticamente em Perigo”, “Em Perigo” e “Vulneráveis”. 

Além dessas categorias também existem o grupo “Quase Ameaçada de Extinção, o “Menos Preocupante” e as espécies que estão listadas como “Dados insuficientes”, ou seja, demandam mais pesquisas para avaliação. 

Das 2015 espécies da Caatinga que foram analisadas, 66 estão na categoria “Criticamente em Perigo” e 190 são tidas como “Em Perigo”. Já as “Vulneráveis” são 110 e as “Quase Ameaçadas de Extinção” agrupam 73 espécies.

Para finalizar, a categoria “Menos Preocupante” abarcou 1.427 espécies e outras 149 foram classificadas como “Dados Insuficientes”.

Entre as espécies ameaçadas de extinção na Caatinga, podemos citar as seguintes:

Números totais

A pesquisa do IBGE mostrou que em 2014 havia 3.299 espécies de animais e plantas ameaçadas no Brasil, o que representava 19,8% do total de 16.645 espécies avaliadas. Dessas espécies ameaçadas, 1.989 estavam na Mata Atlântica.

Atualmente, são reconhecidas no Brasil 49.168 espécies de plantas e 117.096 espécies de animais. Desse total, a pesquisa analisou as 4.617 espécies da flora e as 12.262 espécies da fauna listadas pelo Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (CNCFlora/JBRJ) e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), para as quais existem informações sobre seu estado de conservação. Elas representam, respectivamente, 11,26% e 10,13% do total de espécies reconhecidas.

O estudo analisou as listas de espécies nacionais oficiais de 2014 e as avaliações sobre a sua conservação, publicadas pelo ICMBio e CNCFlora/JBRJ. As Contas de Espécies Ameaçadas fazem parte das Contas Econômicas Ambientais do IBGE.

Das espécies analisadas, 0,06% estão extintas, 0,01% estão extintas na natureza, 4,73% estão criticamente em perigo, 9,35% estão em perigo, 5,74% são vulneráveis, 3,98% estão quase ameaçadas de extinção, 62,82% são menos preocupantes e 13,33% foram classificadas como dados insuficientes, indicando a necessidade de mais pesquisas para avaliação. São consideradas ameaçadas as espécies nas categorias vulnerável, em perigo e criticamente em perigo.

A Mata Atlântica foi o bioma com mais espécies ameaçadas, tanto em números absolutos (1.989) como proporcionalmente (25,0%). Em seguida, vem o Cerrado, com 1.061 espécies ameaçadas, 19,7% do total de espécies do bioma, e a Caatinga (366 espécies, ou 18,2%). O Pampa, apesar de ter um número de espécies ameaçadas menor, (194 espécies), apresenta uma proporção semelhante (14,5%).

Já o Pantanal e a Amazônia têm as maiores proporções de espécies na categoria menos preocupante (88,7% e 84,3%, respectivamente) e, também, o menor percentual de espécies consideradas ameaçadas (3,8% e 4,7%, respectivamente).

Em números absolutos, são 54 espécies ameaçadas no Pantanal e 278 na Amazônia.

A pesquisa analisou a fauna e a flora segundo sua ocorrência nos biomas – Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Mar e ilhas oceânicas – e tipos de ambiente (terrestre, água doce e marinho). Uma mesma espécie pode ocorrer em diferentes biomas e ambientes.