É de comer? Associação Caatinga leva oficinas sobre plantas comestíveis para comunidades da Bahia
A equipe de educação ambiental da Associação Caatinga viajou, entre os dias 5 e 8 de fevereiro, até Umburanas (BA) para realizar uma oficina de culinária com PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais). A capacitação buscou atender uma demanda das famílias da região: desenvolver atividades sustentáveis com potencial para geração de renda.
Além disso, a equipe da Associação Caatinga foi até o município Sento Sé (BA) para realizar a oficina “Beneficiamento do Licuri” na comunidade rural Rodoleiro. O objetivo dessa capacitação também foi disseminar possibilidades de geração de renda, mas, dessa vez, através do manejo do Licuri (Syagrus coronata), uma palmeira da Caatinga. Outras três oficinas como essa já haviam sido desenvolvidas em outras comunidades da Bahia, em novembro de 2019.
Segundo Marília Nascimento, agente de educação ambiental da Associação Caatinga, “o intuito das oficinas foi viabilizar às comunidades a possibilidade de obtenção de renda por meio da venda de alimentos em que a matéria prima principal é de baixo custo”. Ao total, 34 pessoas participaram das capacitações elaboradas em 2020. Ambas as formações foram desenvolvidas com a coordenação da Prima Ambiental em parceria com a Engie, empresa multinacional que contribuiu com a realização dos cursos.
Durante as oficinas, as famílias da região aprenderam a como incorporar as PANCs e o Licuri no cardápio do dia-a-dia. Cada capacitação durou 16 horas e os participantes prepararam pães, empadas, quiches, croquetes, pizzas, doces, farofas e saladas. Marília Nascimento assegura que utilizar esse tipo de produto para cozinhar “é uma maneira de contribuir para a segurança alimentar nos ambientes rurais através de receitas nutritivas, saudáveis e sustentáveis”.
As participantes também tiveram a oportunidade de praticar técnicas de administração comercial, como pesagem dos ingredientes, embalagem, armazenamento, precificação e métodos de propaganda.
Mas o que são PANCs?
As Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), ou, como também são conhecidas; “matos comestíveis”, são vegetais com alto potencial nutritivo que dificilmente são consumidos ou comercializados, seja por falta de conhecimento ou por razões culturais.
Essas plantas são facilmente encontradas em quintais, lavouras e terrenos baldios dos municípios onde foram realizadas as oficinas. Quem desconhece o potencial desses vegetais os julgam como “mato”, “ervas daninhas” ou “plantas invasoras”. Ainda segundo Marília Nascimento, “elas são plantas que apresenta bom desenvolvimento, mesmo em condições consideradas adversas e por isso se dispersam com facilidade”.
Mas apesar da utilidade e da abundância desse tipo de vegetal, Marília recomenda não utilizar as PANCs encontradas em terrenos baldios. “Os vegetais encontrados em ambientes sem controle podem estar contaminadas por fezes, urina de animais ou outros agentes contaminantes”, assevera.
Algumas das PANCs utilizadas nas oficinas
Aratura. Rica em proteína, ferro e potássio, a Aratura (Maranta arundinacea) pode ser usada no preparo de mingaus, bolos e biscoitos. É um alimento de fácil digestão recomendado para pessoas com restrições alimentares ao glúten
Ora-pro-nobis. Muito usada em receitas históricas do estado de Minas Gerais, a ora-pro-nobis (Pereskia aculeata) é uma planta rica em ferro. As folhas e flores dessa espécie podem ser utilizadas no preparo de farinha, sopas, omeletes, tortas e refogados.
Dente-de-leão. Utilizadas há séculos no preparo de vinhos e geleias, as folhas de dente-de-leão são ricas em ferro, cálcio, proteínas e vitaminas. Com um gosto amargo, esse vegetal dá um gosto diferenciado a saladas, sopas e sanduíches.
Bredo. Presente em quase todas as regiões do Brasil, o Bredo é um vegetal rico em ferro, potássio, cálcio e vitaminas. Todas suas partes podem ser consumidas. Suas folhas servem para preparar refogados e suas folhas, caules e flores são usadas como ingredientes para sucos verdes.