Pan Tatá: Entenda como a luta para a conservação de duas espécies de Tatus-Bola integrou-se aos planos de defesa do Tamanduá-Bandeira e do Tatu-Canastra
Na última quinta-feira, 10, a Associação Caatinga participou de uma oficina virtual entre pesquisadores de todo o Brasil para definir o futuro das estratégias de conservação de quatro espécies: o Tatu-Bola-da-Caatinga (Tolypeutes tricinctus), o Tatu-Canastra (Priodontes maximus),o Tamanduá-Bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e o Tatu-Bola (Tolypeutes matacus). O foco principal da reunião foi integrar os Planos de Ação Nacional (PAN) dos animais.

Captura de tela da reunião que integrou os PANs
O PAN é um instrumento de gestão para ordenar e priorizar as atividades de conservação da biodiversidade em um prazo definido e pode incluir uma única espécie, grupos ou conjuntos de seres vivos. Na ocasião do encontro, os cientistas organizaram a integração do PAN das duas espécies de Tatu-Bola, que havia sido encerrado em 2019, ao PAN do Tamanduá-Bandeira e do Tatu-Canastra, que é realizado em conjunto e, por isso, ganhou o apelidado de “TaTá”.
Samuel Portela, biólogo e coordenador técnico da Associação Caatinga, participou da reunião e explica o porquê da integração: “corria o risco de não ter mais um PAN para o Tatu-Bola-da-Caatinga e para o Tatu-Bola, então para resolver esse problema e para eles não ficarem esperando, a gente achou melhor unificar esse projeto com o PAN TaTá, que está bem no início”.
Segundo Samuel a união dos dois projetos também vai baratear os custos das ações. “A unificação dos PANs é uma tendência, não vai ser mais tão comum vermos PANs para uma única espécie ou até mesmo para duas e essa tendência ajuda a reduzir custos, como passagens aéreas e futuras oficinas presenciais”, esclarece.
Esta reunião foi a primeira de muitas e serviu, inicialmente, para realizar as boas vindas das instituições participantes e apresentar a proposta de incorporação das ações do PAN dos Tatus-Bola ao PAN TaTá.
Também houve a revisão dos articuladores, que são os profissionais responsáveis por checar o desenvolvimento de cada uma das mais de 40 ações do novo PAN Tatá. Por fim, foi realizada a reavaliação do Grupo de Assessoramento Técnico (GAT) do projeto. O GAT é a equipe que acompanha a execução de todo o plano por meio de um processo de monitoria e refinamento contínuo.
Tatu-Bola-da-Caatinga
Pequeno, tímido e raro. Essas são algumas características do Tatu-Bola, espécie majoritariamente brasileira, presente na Caatinga e em pequenas áreas do Cerrado. Por uma indicação da Associação Caatinga, a espécie foi escolhida como mascote da Copa do Mundo de Futebol de 2014. O animal aparece na Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção na categoria “Em Perigo”.
Tatu-Canastra
Ao contrário do pequenino Tatu-Bola, o Tatu-Canastra é um “gigante” e chega a medir mais de 1 metro de comprimento. É dotado de grandes garras nas patas dianteiras que ajudam na escavação de buracos. Vive no Pantanal, Cerrado, Amazônia e nos remanescentes da Mata Atlântica brasileira, bem como em quase toda América do Sul (com exceção do Chile e do Uruguai). Segundo a Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, o Tatu-Canastra está na categoria “Vulnerável”.
Tamanduá-Bandeira
Também conhecido como Jurumim e Tamanduá-Cavalo, o Tamanduá-Bandeira é um mamífero que pode ser encontrado em quase todos os países da América do Sul e em certas áreas da América-Central. Tem hábitos terrestres e sua boca é adaptada para ingerir formigas e cupins. Na Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção o animal aparece na categoria “Vulnerável”.
Tatu-Bola
Ao contrário do seu primo tricinctus, o matacus não é endêmico do Brasil e sua distribuição passa pelo Pantanal brasileiro e estende-se até a Bolívia, o Paraguai e a Argentina. Alimenta-se principalmente de insetos e, de acordo com a Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, o Tatu-Bola está na categoria “Dados Insuficientes”.