Qual a diferença entre estiagem, seca e desertificação?
Se alguém te parasse na rua e perguntasse a diferença entre desertificação, estiagem e seca, você saberia responder? Hoje, 17 de junho, é o Dia Mundial de Combate à Desertificação e a Associação Caatinga vai te explicar o que são esses três conceitos.
Estiagem é o período do ano onde a quantidade de chuvas é baixa ou até mesmo ausente. Na Caatinga, as folhas das árvores caem e toda a vegetação ganha um visual esbranquiçado. É um processo natural para evitar a perda de água, as plantas não estão mortas. Após alguns dias de chuva, tudo volta a ficar verde.
A seca pode ser entendida como a falta de chuva por um longo período de tempo. Como, por exemplo, a seca do semiárido brasileiro que durou de 2012 a 2018. Esse fenômeno tem consequências negativas nos ecossistemas e nas atividades sociais e econômicas.
Entretanto, a seca é um processo natural e não deve ser combatida. O mais apropriado é buscar a “convivência” com esse fenômeno, visto que a seca é um evento que sempre ocorreu. Por outro lado, desenvolver propostas e alternativas para abrandar os efeitos da falta prolongada de chuva é fundamental para garantir a qualidade de vida.
Já a desertificação é um processo grave de degradação do solo. É, em resumo, a transformação de uma região fértil em um ambiente semelhante aos desertos. Também pode ocorrer de forma natural, mas, nas últimas décadas, o fenômeno tem sido acelerado pela ação humana.
A derrubada de florestas é uma das principais causas da desertificação. Sem a proteção das plantas, o solo fica exposto ao sol e às altas temperaturas. A terra ganha um aspecto arenoso e rochoso, sem nutrientes.
Nesta etapa da desertificação, até as fortes chuvas podem arrastar a superfície do solo para longe, empobrecendo ainda mais a região afetada. A partir daí, é quase impossível que novas espécies vegetais floresçam, o que também impede a permanência de animais.
A que pé anda a desertificação na Caatinga
Antes de explicar quais são as regiões da Caatinga mais afetadas pela desertificação, é importante salientar que não há, especificamente, um consenso entre pesquisadores. Existem variadas instituições que usam diferentes critérios para definir os núcleos de desertificação. Inclusive, essa realidade atrapalha o desenvolvimento de soluções para o problema.
Dito isto, para exemplificar o tema, o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens e Satélites (Lapis), grupo ligado a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), afirma que 12,85% do semiárido brasileiro enfrentam processos avançados de desertificação. Como a região semiárida tem cerca de 982 mil km², a porcentagem equivale a 126 mil km². É como se quase todo o estado do Ceará estivesse se transformando em deserto.
As áreas mais afetadas são conhecidas como núcleos de desertificação, são elas: Irauçuba (CE), Sertão dos Inhamuns (CE), Médio Jaguaribe (CE), Seridó (RN/PB), Cariris Velhos (PE), Cabrobó (PE), Gilbués (PI), Sertão do São Francisco (BA), Chorrochó (BA) e Abaré (BA)
Além desses núcleos onde o problema é avançado, outra dificuldade afeta a região semiárida: as áreas susceptíveis à desertificação. Ao contrário dos citados acima, esses locais não estão necessariamente em uma situação grave, mas caminham a passos largos para se transformarem em desertos. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, esses territórios abrangem:
- 1.340.863 km2 (16% do território brasileiro)
- 1.488 municípios (27% do total)
- 31.663.671 habitantes (17% da população brasileira)
- 85% dos cidadãos considerados pobres do país.
Principais vilões da desertificação
A principal causa para o avanço da desertificação no Brasil é a falta de critérios sustentáveis e ambientais nas atividades que retiram da natureza recursos para fins comerciais e industriais.
Por exemplo, a produção de pastos sem critérios de manejo sustentável, a pecuária extensiva, projetos de irrigação com métodos irregulares, mineração indiscriminada em avaliações sociambientais e desastres naturais cuja ocorrência seja agravada pela ação do ser humano.
Em resumo, a extração dos recursos naturais acontece em uma intensidade maior do que a capacidade de regeneração dos ambientes. A rigor, isso ocorre porque o desmatamento ostensivo, as queimadas, o uso intensivo do solo e a criação de rebanhos numerosos são técnicas mais baratas e rápidas do que métodos de produção sustentáveis.